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Éden: Protagonista da renovação, dedicado militante do projeto político de mudança da Bahia – Artigo de Emiliano José

Data de publicação: 09/04/2025

Não é desafio fácil. Promover novas lideranças é tarefa difícil. Os velhos dirigentes, pretendendo sobreviver, costumam se agarrar às posições ocupadas, e têm dificuldades de abrir espaços aos novos líderes. Está marcado na história. Na ciência política. Na literatura. Vale pra direita, vale pra esquerda. A nós, aqui, interessa nossa caminhada. Homens e mulheres voltados à luta pela emancipação da humanidade do violento jugo do capital, horizonte de quem luta lado a lado com a classe trabalhadora.

Pepe Mujica, tem pouco tempo, disse desse desafio, da importância dele. E alertou: não fazendo essa passagem de bastão, estamos condenados ao fracasso. A sabedoria dos veteranos, em nome do projeto político, está exatamente em saber sair de cena, afastar-se da ribalta, lentamente seja, entregando o protagonismo às jovens lideranças. Resistência a esse movimento, sempre há. Argumentos contrários, muitos. Alude-se normalmente à experiência. À falta dela. E com tal argumento, sempre é postergada a chegada dos novos dirigentes. Vamos combinar? Experiência só é alcançada se ao militante jovem é dada oportunidade. Se há ousadia de colocá-lo em posto chave. Senão, como isso ocorrerá?

É duro dizer, mas necessário: aos dirigentes veteranos, agarrados às posições de mando, sem querer abrir espaço aos jovens, necessário lembrar da finitude. Todos nós, todos, passamos. E no outono da existência, no esplendor do conhecimento, da experiência adquirida, é aconselhável ajudar a preparar o terreno para a primavera, para os jovens, os guardiões do futuro. Mujica tem razão. Lembro de um romance. “A curva da estrada”, de Ferreira de Castro. O velho dirigente se incomoda ao ver surgir uma nova e vigorosa liderança. Tem ciúme. Mas um dia chega a compreensão: já era hora de cuidar das flores, das rosas, das flores, extirpar as ervas daninhas. E deixar os jovens dirigentes abraçarem a direção da luta. A eles, caberia agora o combate às ervas daninhas da vida política. Foi cuidar do jardim. Boa metáfora.

Creio estarmos vivendo um importante momento de transição no projeto político dirigido pelo PT baiano. Renovação. Na Bahia, os líderes mais velhos têm sabido ousar. E trazer os mais jovens para a linha de frente. Os mais velhos, à retaguarda. Evidente, há numa transição assim, uma necessária dialética. Os mais novos sabem da necessidade de buscar ensinamentos entre os mais velhos. Sabem: neles mora muita sabedoria. Muita experiência. Combina-se então a ousadia das novas ideias, muitas vezes possíveis, sobretudo, a partir da juventude, com o imenso aprendizado construído ao longo do tempo pelas velhas lideranças. Uma dialética onde articulam-se o vigor do pensamento dos jovens dirigentes com a riqueza da experiência, do conhecimento adquirido pelos mais velhos.

Tenho visto, com alegria, no caso baiano, a emergência de jovens, mulheres e homens, com imensa capacidade de direção, nascidas da luta política de esquerda. Têm demonstrado não só convicções de esquerda, fundadas da boa doutrina, como evidenciado capacidade de direção administrativa, talento na gestão. E tal renovação tem valido para todas as expressões da vida política. A eleição de um governador jovem, como Jerônimo Rodrigues, só foi possível pela ousadia das grandes lideranças desse projeto de esquerda na Bahia, e aqui destaco de modo especial, a ousadia do senador Jaques Wagner, de quem também partiu a indicação de outro jovem, lá atrás, Rui Costa, para assumir a linha de frente e chegar a governador. Wagner, na última eleição, soube abrir mão da candidatura para ceder lugar, e de modo entusiasmado, a Jerônimo Rodrigues, uma surpresa extraordinária, e digo surpresa àqueles que ainda não o conheciam.

Nos vários escalões de governo, inúmeros jovens estão se destacando, dando as cartas, e eu evito nomes de modo a não cometer injustiças. É fácil percebê-los na linha de frente do governo. Governador jovem, equipe jovem. Digo tudo isso para chegar ao partido, ao Partido dos Trabalhadores. Também aqui foi iniciado um vigoroso processo de renovação, com a eleição de Éden Valadares, cercado de um monte de jovens lideranças. O atual presidente é expressão vigorosa desse processo de renovação da política na Bahia, de modo especial, do nosso projeto político. Vou me deter um pouco em Éden. Tratar do glorioso cargo de presidente do PT. Glorioso e espinhoso, não é possível esconder. Já fui presidente. Sei de glórias e espinhos. Quando assumi, 2005, mais espinhos. Era pouco conhecido, nosso atual presidente. Uma incógnita, de alguma forma. Sempre assim, quando de renovações. E ele, no exercício da presidência, vou pedir licença pra dizer, revelou-se um leninista. Nem sei se ele gostará dessa definição. Eu gosto de recorrer à tipologia de Lenin sobre militantes.

Éden conseguiu unir, no trabalho cotidiano à frente do partido, nesses quase seis anos, a condição de agitador e propagandista. Condições fundamentais do militante político, ao menos considerando a velha escola do dirigente da Revolução Russa, e sei: aqui e acolá haverá um ou outro a torcer o nariz, como se o velho Lenin fosse simplesmente coisa do passado, a desprezar. Tá legal, eu aceito o argumento: é do passado. Mas é também do presente. Sob muitos aspectos, guarda atualidade. Lenin falava muito de uma tipologia de militante. Havia o agitador, aquele da palavra de ordem, a levar a multidão à loucura. É militante fundamental. É o incendiário, necessário para animar as massas, sobretudo, grandes massas. E o propagandista, o militante educador, a desenvolver melhor a teoria, a formar os militantes, formular. Éden reúne as duas qualidades. Exerceu-as de acordo com as necessidades. Soube agitar, quando necessário, e muitas vezes, era.

E soube educar, convencer, ser autêntico propagandista, e nesses casos, necessário aprofundar a discussão, ir mais fundo. Diferentemente do momento de agitação, quando a palavra de ordem pode bastar. Olhar atilado, perspicaz, capaz sempre de olhar o entorno, e por isso, competente para analisar a conjuntura, intervir nela, com sobriedade e firmeza. O militante pode ser bom formulador. Mas pode tremer e não se desenvolver bem na tribuna. Éden revelou-se excelente tribuno. Na tribuna, despontou um e outro: o agitador e o propagandista, o formulador. Debatedor contundente. Alguns talvez vejam nele um tribuno à moda antiga, e creio ele não verá isso como algo negativo, falo de grandes tribunos com quem convivi, e ouso lembrar o nome de Waldir Pires. Éden não recusa o debate. E curioso: tem talento para o confronto. Se ele se faz necessário, não se afasta. Vai pra linha de frente. Tem até, eu diria, certo prazer nisso. Sabe enfrentar as câmeras, valer-se dos microfones, falar de modo amplo às mais variadas mídias.

Fez da presidência locus da organização, da formação da militância, da estruturação consistente do partido por todo o Estado, vinculando-o fortemente ao projeto político de esquerda iniciado em 2007, após a vitória de Wagner em 2006. Mas, também, fez da presidência, tribuna. Voltada a combater vozes esmaecidas do passado oligárquico e autoritário, sempre tentadas a reocupar espaço na vida política. Sabe, porque conhece a história antiga e recente da Bahia, da intenção da velha tradição fundada no carlismo pretender, sem sucesso, pela mentira, pela demagogia, por fake news erodir o projeto político. Em nenhum momento, Éden deixou o espaço vazio quando tais vozes emergiram. Em nenhum momento. E aqui, mais uma vez, e não sei se com isso o incomodo, ele revelou espírito tipicamente leninista. Pela energia com que defendeu as posições do partido. Pelo vigor.

Desassombro. Nunca levou desaforo pra casa. Sempre, no entanto, com segurança, com fundamentos sólidos, com informação. Trata o adversário com respeito, como da boa política, mas o combate de modo firme, resoluto. Fez isso o tempo inteiro. Era o adversário tentar atingir nosso projeto, e ele saltava de lá. Um ousado D’Artagnan. Espada afiada. Chamando pra briga. Com o adversário, nenhuma conciliação. O neto de passado oligárquico ficou sempre diminuído quando dos confrontos. Quis sempre copiar o estilo arrogante e autoritário do avô, e tal característica sempre foi lembrada por Éden. De alguma forma, ajudado pelo adversário. Éden mostrou o quanto ele, o neto, por conta própria, se isolou. Até de seus pares. Hoje um político pequeno, triste figura. E isso, esse combate permanente do presidente, animou a militância do partido. Deu instrumentos a ela.

Esse militante, esse dirigente, tão jovem, estava pronto quando assumiu a presidência do Partido? Ouso dizer: não. Formou-se à frente do partido. Certamente, teve dúvidas. Certamente, errou. E foi aprendendo. Quando se pretende renovação, há de ser assim. Hoje, experimentado quadro político, disposto a fazer a transição para alguma outra jovem liderança porque considera incorreto disputar uma nova eleição, com a qual, se cumprido o mandato, cumpriria uma década à frente do partido, muito tempo, na opinião dele. Se foi protagonista da renovação, lado a lado com tantas outras novas lideranças, não iria agora agarrar-se ao cargo. Sai com a convicção do dever cumprido.

Não irá cuidar do jardim, porque muito cedo. Ainda há décadas pela frente para contribuir com a vida política. Sai da presidência, cheio de orgulho, justo orgulho. A mais cintilante experiência vivida por ele até agora. Carrega essa medalha no peito. Vai exibi-la sempre. E vai sempre lembrar: o exercício da presidência foi compartilhado, muito compartilhado. Contou com muitas companheiras, companheiros na direção, a acompanhá-lo cotidianamente. Trabalho coletivo. Mas, o partido, certamente, sabe: deve abraça-lo, agradecer pela dedicação desses anos, pelo fortalecimento de nossos ideais, de nosso projeto. Do futuro, sabe pouco. Pensar, refletir com tantas companheiras, companheiros. E tocar em frente. Uma longa caminhada, a contribuir muito para mudar esse mundo numa festa de trabalho e pão, democracia, liberdade, igualdade.

Viva o PT! Viva Éden Valadares!

O artigo do ex-deputado, escritor e professor Emiliano José foi publicado originalmente no BNews.

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