“Vivenciamos um processo intenso de formação de novos quadros”, afirma presidente eleito do PT Bahia

Em entrevista ao BNews publicada neste domingo, 27, o presidente eleito do PT Bahia, Tássio Brito, destacou a importância do processo de renovação para o fortalecimento do partido e o surgimento de novos quadros políticos tanto na Direção Estadual do PT quanto em importantes pastas do Governo da Bahia. Para o dirigente, sua vitória marca o aprofundamento do processo de transição geracional no estado. “Vivenciamos um processo intenso de formação de novos quadros”, afirmou o presidente eleito.
Tássio também falou sobre os desafios do PT para uma aproximação ainda maior com a base, os movimentos sociais e a sociedade como um todo. O dirigente elogiou ainda o ritmo de entregas da gestão do governador Jerônimo Rodrigue e a sua grande capacidade de diálogo, além da importância das reeleições do governador para a Bahia e do presidente Lula para todo o país.
Leia, abaixo, a entrevista publicada originalmente no BNews:
1 -BNews – Quatro pré-candidatos à presidência do PT na Bahia desistiram da disputa e declararam apoio ao seu nome. Como conseguiu essa unidade e como vai conseguir conciliar os interesses de tantas correntes do PT?
Tássio Brito: A unidade se deu em torno de uma política de renovação dos quadros do PT, formação de novas lideranças, renovação das práticas e métodos do PT e aprofundamento da democracia partidária. Então, contar com o apoio desses quadros que retiraram seus nomes em prol da nossa candidatura tem a ver mis com o programa que defendíamos do que com a minha pessoa especificamente. Então, foi o programa que aproximou todos nós.
2 – O quanto você acredita que o apoio de Jaques Wagner influenciou na sua candidatura?
Tássio Brito: A influência do senador Jaques Wagner na política do PT é inquestionável, mas mais do que apoiar minha candidatura, Jaques Wagner estava e está comprometido com a renovação dos quadros do partido. Grande fomentador e entusiasta desse processo de transição geracional, Wagner não está defendendo simplesmente um nome, ele está atuando em favor de uma política de transição. E essa política tem como objetivo garantir às novas gerações espaços importantes para que possam caminhar de mãos dadas com aqueles e aquelas que sempre construíram, fundaram o PT e permitiram alcançar esse importante processo de transição. Então, é uma política que o senador Jaques Wagner verbaliza e que ele realmente constrói.
3 – Você considera que sua gestão será de continuidade ou de ruptura em relação a de Éden Valadares?
Tássio Brito: A minha candidatura, na verdade, é uma candidatura de um programa político que apresentamos em 2019. É claro que esse programa tem acertos e limitações. E foi num diálogo muito maduro com as forças políticas que conseguimos construir um amplo arco de aliança. Em apoio à nossa candidatura contamos com correntes políticas como a minha, por exemplo, que eram da gestão do presidente Éden, assim como correntes que eram oposição ao presidente Éden. Então, não se trata de ser continuidade ou não, se trata de reconhecer os avanços promovidos pela gestão de Éden para o PT e também de reconhecer os pontos que precisamos trabalhar para melhorar.
4 – O PT na Bahia vem sendo criticado por sempre dar visibilidade aos mesmos nomes e não dar espaço para lideranças emergentes. Concorda com essa afirmação?
Tássio Brito: Não concordo com essas opiniões. A eleição do presidente Éden foi uma primeira prova de que não estávamos simplesmente apresentando as mesmas lideranças. Na verdade, estamos vivenciando um processo intenso de formação de novos quadros, e a minha eleição à presidência do PT Bahia é uma continuidade do nosso movimento de renovação. Temos, por exemplo, novas nomes do PT em secretarias estratégicas do Governo do Estado, como os secretários Adolfo Loyola, Bruno Monteiro e Felipe Freitas, as secretárias Rowenna Brito e Roberta Santana e a própria secretária Fabya, todos eles são novas figuras na política. Então, considero, na verdade, o contrário: o PT está em um momento de muita renovação, com o surgimento de muitos quadros com capacidade de exercer a política em diversos setores.
5 – Acha que Jerônimo Rodrigues tem força para se reeleger em 2026?
Tássio Brito: Para nós do PT não existe eleição ganha ou eleição perdida, e eu costumo dizer sempre que existem dois erros que levam à derrota em uma eleição, um deles é achar que já ganhou e o outro, que já perdeu. Agora, nós reconhecemos que o governador Jerônimo tem promovido um trabalho muito importante na Bahia, com diversas políticas públicas e muitas, muitas entregas. Isso tudo ao mesmo tempo em que consegue estabelecer e cultivar uma relação muito importante com o povo da Bahia, com as lideranças no estado, com prefeitos, vereadores, deputados e deputadas, e, portanto, ele está muito credenciado para disputar e se reeleger na eleição de 2026. E nós não temos nenhuma dúvida de que o governador, pelo perfil dele, não é de se acomodar. O ritmo de trabalho de Jerônimo vai aumentar e aumentar exponencialmente daqui até o processo eleitoral, e tenho certeza que chegaremos ainda melhores em 2026 para enfrentar essa disputa política, com o pé no chão, mas também reconhecendo o importante trabalho que o governador tem feito para o povo e para a Bahia.
6 – O que pensa da ideia de chapa puro-sangue ao Senado, com Rui Costa e Jaques Wagner ocupando as duas vagas?
Tássio Brito: Temos duas marcas que carregamos desde a nossa chegada ao governo em 2006. A primeira delas é a construção coletiva, e disso o PT nunca abriu mão. Todos os processos eleitorais que disputamos até aqui se basearam nessa composição com todos os partidos aliados. A segunda é que as nossas alianças são formadas para que todos os partidos possam crescer conjuntamente. Então a formação da chapa majoritária, que é muito importante para esse projeto político que governa a Bahia, deve ser debatida coletivamente no momento certo e de acordo com os critérios que ajudam a manter e fortalecer o nosso programa. O ministro Rui Costa já colocou seu nome à disposição e é claro que ele reúne todas as credenciais para a disputa. Durante seus oito anos de gestão, Rui foi um governador extremamente bem avaliado e hoje desempenha um papel fundamental na Casa Civil como ministro do governo do presidente Lula. A nossa tarefa é construir com todos os partidos a melhor tática para disputarmos e vencermos as eleições do próximo ano.
7 – É esperado que ACM Neto não cometa os mesmos erros da eleição de 2022. O PT Bahia está preparado para enfrentá-lo?
Tássio Brito: Não sei se ACM Neto cometerá os mesmos erros e não acho que uma campanha se ganha a partir dos equívocos dos outros. Vencemos a eleição com a nossa formação e elaboração política e o nosso projeto de construção de uma nova Bahia. Então, a próxima eleição tem menos a ver com os erros que eventualmente ACM Neto possa vir a cometer, que é uma questão dele e, a meu ver, até difícil dele corrigir porque para reparar as falhas é preciso autocrítica e reflexão, e não vejo na postura do ex-prefeito de Salvador nenhum tipo de ponderação sobre isso. Nós ganhamos a campanha é com o nosso trabalho, a nossa articulação política, com a entrega que o governador tem feito, a capacidade dele de dialogar com o povo, que foi sendo construída e está muito bem consolidada. Vamos nos dedicar cada dia mais para que esse tralho, que é resultado de um esforço coletivo e um empenho contínuo, nos traga uma grande vitória em 2026, com as reeleições do governador Jerônimo e do presidente Lula.
8 – Quais são os principais gargalos do PT na Bahia atualmente? O que pretende mudar na sua gestão?
Tássio Brito: Os gargalos, na verdade, são gargalos da esquerda, talvez no mundo inteiro. E precisamos nos debruçar para enfrentar os desafios que se apresentam. Temos que ampliar ainda mais a nossa capacidade de diálogo com a nossa base social e encontrar uma metodologia de formação política mais eficiente e abrangente. Além disso, é necessário melhorar nossa capacidade de comunicação, organização, retomar formas de organizar o povo, estar mais perto dos movimentos sociais e construir uma pauta política de esquerda que aqui na Bahia considero estar bem concebida. Mas ainda necessitamos de um aprofundamento do processo de construção do PT para dentro da sociedade independente de eleição. Acho que o maior desafio do PT é conseguir dar vazão a essa pauta que não é a eleitoral e sim uma agenda organizativa, de construção política do PT no imaginário das pessoas, no dia a dia dos trabalhadores e das trabalhadoras. Esse é sempre o principal desafio de um partido político que se pretende e é, desde que nasceu, o representante do povo trabalhador do Brasil e da Bahia.